ARREGO COLETIVO

hj os alunos da minha sala, resolveram voltar as aulas e ferrar com que não sabia desta decissão. Fiquei furioso com aqueles que conseguem ver 20 repetirem por falta sem sentir-se culpado por isso. Seria exigir demais querer que ao menos cominucassem esta decisão?

Como meus argumentos não foram ouvidos, ou foram mas permanceram ignorados, fica aí o meu e-mailindignação (na integra) enviado para a lista do grupo da sala...

Caros colegas de turma

Este é a introdução mais falsa que pode existir, pq nunca fomos colegas e uma turma realmente nunca chegou a existir além do conceito. Porém, este e-mail é a coisa mais verdadeira que já vi entre os aprovados em secretariado no vestibular 2003/2 da FATEC-SP.

Eu posso tolerar a covardia de vocês, e posso até defender isso. Mas não consigo suportar o egoísmo que presenciei hoje. Um egoísmo disfarçado, o que é ainda pior. Ao menos tenham coragem de admitir que são covardes.

A primeira pessoa do singular é a forma mais fácil de ser conjugada, não tem erro. Mas mesmo assim é desconhecida pela grande maioria dos alunos do segundo semestre. A única coisa que ouvi foi: “se o grupo fizesse”; “se a turma toda decidisse”, “se ninguém entrasse, mas sempre tem um que entra...”. Porquê falar assim? O índice de indeterminação do sujeito é tão mais difícil de ser empregado. Nem retomo o mérito da discussão sobre turma, grupo ou nada disso. Só queria ouvir “eu vou”, “eu não vou”. Chega de “se”. Assumir é difícil, eu sei, mas é muito mais nobre do que se proteger atrás de uma partícula apassivadora.

Não reclamem coleguismo se você não consegue dizer: “Eu entrarei na sala, terei aula! O resto que assuma as conseqüências.

Sim, eu pouco compareci as assembléias e não me arrependo disso. Pode parecer que eu não tenha moral para reclamar deste jeito. Mas é por isso mesmo que tenho muito mais dignidade ao falar o que estou falando, pois nunca levantei a bandeira da greve que agora é jogada de lado, e tão pouco estou prejudicando aqueles que sempre compareceram nas reuniões, e que por uma fatalidade, não puderam saber do armistício cagão do povo surgido hoje. Nem falo daqueles que não possuem internet e não puderam ler sobre aqueles que voltaram atrás do que foi decidido semana passada, e nem é pelo simples fato de que argumentei isso várias vezes a poucos minutos atrás, mas é porque esses e-mail não existiram. Ainda estão escondidos atrás de uma reação covarde e completamente individualista.

O que mais me enoja, é que a mesma boca que diz “agora é individual, não existe mais o coletivo” levanta a mão na aula e se prontifica a ajudar os outros que não estão, explicando a matéria para aqueles que a perderam. Se é uma coisa que nunca vi, e já procurei nesta sala, é ajuda entre os alunos. Não creio que ela emergirá agora, em meio a toneladas de matérias e trabalhos por nossa própria conta. Mais uma vez eu peço, sejam honestos consigo mesmos. Admitam que vocês pouco se importam se alguém perder o ano, contanto que vocês passem. Mas passar por passar, é a mesma coisa que viver por viver. E acreditem, não vale a pena.

Vocês tiveram voz ativa, e nem perceberam. Mas continuam sendo massa de manobra nas mãos erradas. Deixam-se convencer pela mesma pessoa que fez com que vocês apoiassem a greve. E retornam às aulas completamente derrotados, sem nada ter conseguido e choramingando por uma esmola que é muito inferior àquilo que perderam. Assim como os professores, vocês nunca mais terão respeito. E pelo visto, nem amor próprio.

Se é pra voltar agora, que seja com um mínimo de garantias. Ao menos, de que o que esta sendo dito agora seja realmente verdade. Tem que existir alguma compensação, como por exemplo: que as aulas não serão tão nas coxas que prejudicarão o resto do curso. Se em português, ainda víamos a matéria do primeiro semestre em fevereiro, é agora que a bola de neve aumenta. A matéria do segundo no terceiro semestre, do terceiro no quarto e quando nos dermos conta, de qualquer forma perdemos um semestre inteiro. Com o agravante de não ter mais como compensar. Mas se vocês querem apresentar cinco seminários em um dia ou fingir que aprenderam alemão, que sejam felizes...

Existem professores que tenho certeza de que não serão flexíveis. Vocês acretidam que conseguirão assistir todas as “aulas” até setembro sem nunca ficarem presos no trânsito ou ter dor de barriga? Emendando segunda a segunda, até esquecer em que dia da semana estão, vendo o domingo virando um conceito? E se este conto de fadas acontecer, vou torcer para que a mãe de ninguém venha a falecer. Porque realmente deve ser muito deprimente saber que estão velando o corpo de sua mãe e ter que assistir a aula da Maria do Carmo. Ou ninguém vai pegar

Sei que a minha voz é voto vencido, um grito mudo em meio ao coro de dóceis ovelhas diante do seu algoz. Mas preciso manifestar minha indignação contra esta atitude infantil e irresponsável de alguns. Sei que tem muita gente que não merece estar lendo isso, mas se você se sentiu ofendido, essa era a minha intenção. Use o chapéu, se ele te servir!

Quem gosta de enfiar o rabo entre as pernas é porque gosta de tomar...

Atenciosamente,

Diego Nunes