UMA SEMANA DE SILÊNCIO

Eu nem iria postar essa semana (tô literalmente de saco cheio), mas acabei de chegar em casa e descobrir que o ex-governador Leonel de Moura Brizola faleceu.

Eu discordava de suas opiniões nos últimos tempos, mas lhe devo um respeito que não tenho por quase nenhum político. Nem falo por seu passado na história do país e no socialismo internacional, até porque todos os jornais falarão disso. Brizola talvez fosse o último grande guerreiro da política brasileira, daqueles com um passado glorioso que remotava os tempos do Getúlio. Porém, eu o respeito por outros motivos...

Para mim ele não era o ex-governador dos Rios (Grande do Sul, de Janeiro), mas era o Tio Briza, cujo retrato - abraçando meu pai -ficava em lugar de destaque em nossa sala. Cresci em uma família "brizolista" e aprendi a defender o número 12 mesmo antes do país ter eleições diretas. Nas eleições de 89, tinhamos uma enorme placa com seu rosto diante de nossa casa. Influência do meu pai sim, que por sua vez, sofreu influência da família do pai dele. É famosa a história da minha tia-avó que quase foi presa nos corredores do Dops, cunhada de meu avô, após proferir: Cunhado não é parente, Brizola pra presidente!

Também rachei com ele partidariamente nos últimos anos. Mas sempre o admirei. O cara peitava a Globo (lembram-se dos vinte minutos de direito de resposta em pleno Jornal Nacional?) de frente. Ele foi um dos grandes icones da minha infância (ser filho de políticos dá nisso), e um bom professor sobre o sistema democrático do país. Nunca me esquecerei que foi por causa do Tio Briza que apertei a mão de Luis Carlos Prestes, num comício que ainda contava com a presença do Dalai Lhama. E eu ainda nem tinha nove anos...

Brizola nunca chegou a presidência, nem ao menos no merecido lugar de vice afetivo, que alguns puristas como eu ainda sonhavam.

Hoje o país ficou um pouco menos honrado e meu pai profundamente triste.