Como ninguém lê esta merda mesmo, não vou censurar meu post e escrevelogigante-ei.

CAPÍTULO 1

Olha que chato meu trabalho, ir (em horário letivo) no Ibirapuera para analisar uma obra da Bienal, aqui em São Paulo. Dia bonito e a turma praticamente em peso para cumprir as obrigações da aula do professor Eduardo Salles. Puta que pariu, o que eu fiz de errado para merecer isto? Deus me odeia (rsrs)...

O melhor da arte de vanguarda do mundo e algumas das melhores pessoas do meu cotidiano recente. Ficamos todos na porta, esperando o professor chegar com os estudantes atrasados de jornalismo (será que é mal do curso?). E conseqüentemente víamos todos que entravam no prédio.

Eu estava guardando minha mochila no guarda-volumes junto com o Zamorano (soquei a cara dele sem querer) quando vejo minhas colegas ficando semi-estéricas e tirando foto com um tiozinho de rosto engraçado, quase sem expressão de tanto Botox. David Blaine, David Bowie (!?!), David “Código” Bourne, “ah sei lá, o cara que deu piti com o Caetano no VMB”. Era o David Byrne, vocalista dos Talkin Heads.

Depois, na mesma porta, nova agitação. Fotos novamente, com os brazucas Tom Zé e Jair Oliveira (“sou Jairzinho, o mais novo do balão...”). Desta vez, até eu... Temos Imagens!

Hora de nos separarmos. Vocês vão por ali que nós vamos por aqui, vamos sincronizar nossos relógios. Três andares de muita interpretação, e coisas que realmente mexem com nosso imaginário. Coisas belas, coisas repulsivas (um homem se auto-circuncidando) e algumas que beiram o chato. Mas chato mesmo é ouvir de pessoas grossas coisas como “isto é arte?”; “qual o critério deles para expôr isto?”, “minha sobrinha de três anos faz igual?”... Quero voltar lá, para poder apreciar com calma. Mas a companhia estava legal.

Em um certo momento, caiu a ficha de que talvez o Tom Zé fosse interessante para o trabalho sobre música popular que tenho de fazer. A Ju foi a cicerone cara de pau a aborda-lo. O cara é gente finíssima (e muito anão), e nos tratou super bem. Me deu seu telefone e pediu para eu ligar e tentar agendar algo. Depois, todos da sala correram para falar conosco, para saber por que causa, razão ou circunstância falávamos com ele. Eita povinho curioso! rsrs

Depois, subir a pé para ir comer no tradicional e sem originalidade Habib’s. Nelson, Ju, Sonda and Wife e este que vos escreve. O meu séqüito freak, membros do restrito grupo “pessoas que o Diego gosta”. Por mim o dia não teria acabado...

O Rafa da MTV também estava lá.

CAPÍTULO 2

Sábado feio, embora o sol raiasse. Acordei cedo e fui fazer meu trabalho de História da TV. To de mau-humor e muito puto com sei-lá-o-quê. To explicando pela milésima vez o que é o Orkut quando toca o telefone. Era o Rodrigo, pra me contar que iria mesmo para a Praia Grande, na casa da Cibele. Eu já havia decidido não ir por motivos que listo abaixo:

* Não tinha dinheiro;
* Trabalharia (trabalhei) na segunda;
* Tinha milhares de coisas pra fazer;
* Não estava afim;
* Estava de mau humor, e sem menor vontade de ver ninguém.

No período de uma hora almocei, tomei banho, salvei meu trabalho em Power Point, arrumei a mala e fui encontrá-lo no metrô. Resolvi ir porque 1. Não sei dizer não pra algumas pessoas; 2. Sou impulsivo; 3. Não queria ouvir histórias de viagem, as quais não presenciei; 4. Queria ver se meu humor mudava; 5. Pra ver se eu perco esta cândida cor clara, que cobre meu corpo.

Grande e boa surpresa, o Mauro também apareceu no metrô. Após também resolver em 60 minutos o destino de seu feriado (e também tomar banho). Eu já não via o Mauro a uns 2 meses.

Chegando lá eu percebo que meu humor não havia mudado, e que certas pessoas tem a incrível capacidade de me irritar muito quando não estou bem. Será que é possível se enjoar de alguém? Injustiça ou saco-cheio mesmo? Dor de cabeça e muito sono completavam o quadro.

No domingo eu tava melhor. Tentei abstrair e acho que consegui. “Guitarra sombrero, sol e som, vamos a la playa, Bombom, Bombom” (só mais um pouquinho de Jairzinho). E se as nuvens saíram da minha cabeça, foram todas ocupar o céu. O vento acabou com a intenção de curtir o mar. Agora eu sei o que os soldados americanos passaram com a areia do Afeganistão, “operação tempestade no deserto”. Ventos de mais de 60 km/h jogando toda a arreia do muno nos meus olhos. Só foi divertido ver as pombas tentando voar contra o vento, e permanecendo paradas no ar feito beija-flor.

Caminhamos pelo calçadão depois que o tempo abriu um pouco, mas nada de fazer sol. O que fazer na beira-mar se o dia está frio? Cavar um buraco coletivo. Três marmanjos cavando e fazendo castelinhos de areia. Parecendo três crianças brincando, correndo na água e provocando uns aos outros. O buraco ficou enorme, do tamanho da empolgação das crianças. Nem vou dizer quem fui...

CAPÍTULO 3

Voltei pra casa. Dormi até a hora de ir trabalhar e trabalhei o dia inteiro pra poder faltar no dia do show da GRAM. E meu humor continua oscilando...

Fim

DEDICADO A MEMÓRIA DOS QUE DEIXAM SAUDADES


É um pássaro, é um avião...

Todos os jornais noticiarão a morte de Christopher Reeve. Eu também não posso deixar de comentar alguma coisa. Reeve era um canastrão, mas era lindo como todo canastrão deve ser. Fez sucesso como, óbvio, o Superman do cinema, e será como o homem de aço que será eternizado. Os jornais falam do sucesso da série, de seu papel no lacrimejante Em Algum Lugar do Passado (1982),de seu acidente e carreira pós acidente. Falarão de seus novos filmes, sua luta contra a paralisia, sobre sua participação em Smallville. Quero registrar aqui algo que poucos falarão, sua participação no filme Impróprios Para Menores (1992). Nome infeliz para a grande adaptação da peça Noises Off (de Michael Frayn), levada às telas por Peter Bogdanovich. Uma comédia menor, mas muito divertida, sobre uma desastrosa estréia na Broadway. A peça dentro do filme contava com nomes como Carol Burnett, Denholm Elliott e Michael Caine. Reeve, em uma de suas melhores atuações, fazia exatamente um ator ruim.
Provavelmete também será abordado na imprensa que Reeve é mais uma vítima da “Maldiação do Superman” (Uahahahahahaha!). Somarão a vida de Reeve com as tragédias pessoais de George Reeves e forçarão a barra a respeito de Margot Kidder (a Lois _ Mírian nas primeiras histórias no Brasil – Lane de Christopher). E terminarão tal matéria enfadonha questionado sobre o futuro trágico que espera Tom Welling. Bobagem. Se George Reeves, que viveu a personagem se matou, Kirk Alyn (o primeiro super) viveu tranqüilo até 1999, quando faleceu aos 89 anos. Quanto a Margot, sua vida e carreira decaíram não por maldição, mas aos excessos de drogas e “festinhas” que lhe garantem o título de a Cortney Love de Hollywood. A idade avançando também contribuíu para seu declínio.
Se Christopher Reeve sofreu alguma maldição foi a de justamente ter vivido o Kryptoniano mais famoso do universo. Afinal, o papel lhe limitou tanto que arruinou sua carreira. Mais ou menos igual ao que aconteceu a Mark “Luke Skylwalker” Hamill. Alias, valendo-se da necrofilia da arte, assistam A Cidade dos Amaldiçoados (1995), um bom filme de terror onde Reeve e Hamill tentam provar que poder ser algo mais do que astros de aventuras adolescente do final da década de 70.
Eu gosto da série Superman, mas acho que Chistopher Reeve deve ter desejado ir mais além. Reeve merecia ter ido “Para o alto, e avante!”

Menos conhecido que Reeve, mas talvez mais importante, o Brasil enterrou hoje um dos mais importantes membros de sua intelectualidade adormecida: Fernando Sabino. O século XX fica cada vez mais para trás, cada vez mais burro. O Grande Mentecapto se despede, deixando seu lugar já usurpado por inomináveis. Se Sabino era “o último filho de Mário de Andrade”, nosso futuro/presente é preenchido por “filhos da Zibia Gasparetto”. Tisc, Tisc...

Ouvindo: Fresno – Se Eu Não Acordar