Família é um negócio engraçado. Se mete na sua vida, da palpites, fala pelas costas...

Mas também são fontes de amor, das primeiras amizades (quem nunca teve em um primo o melhor amigo). Um ensaio da vida adulta, dos relacionamentos, do cotidiano. Mesmo que seja um ensaio de uma vida bizarra, mas de alguma forma ela te prepara para continuar na jornada.

Também são grande fontes de história, inspiração, ou mesmo de sentimentos aflorados. Para mim, e para todos que desejam escrever (no meu caso, mas desejo do que esforço ou talento), também são grande fonte de referências.

Minha família é mesmo absurda. Tem cada coisa que até eu mesmo duvido que realmente aconteceu, mesmo quando eu estava lá vendo. As vezes conto, com riqueza de detalhes (porque eles existem) e imagino pela reação das pessoas que eles devem estar pensado: “ora bolas, que grande mentiroso!”. Sou mesmo, mas não em relação as minhas histórias familiares.

Numa família normal, de comercial de margarina ou de novela do Manoel Carlos, todos se amam e se compreendem profundamente (e no segundo caso, a mãe inevitavelmente se chamará Helena). Na minha até nos amamos muito, mas não é de se duvidar alguém levar o outro as lágrimas em alguma reunião familiar. E enquanto uns choram, outros riem muito dessa situação.

Minha família tem um tipos bem bizarros, felinianos até. Tenho uma gama de parentes que esta desaparecendo, mas que são material puro para alguma mente criativa que souber aproveitar.

Recentemente morreu uma delas. Irmã mais velha, muito velha, da minha avó. Se minha avó era um anjo, suas irmãs eram um tanto peculiares. Não sei quantos anos ela tinha, e nem mesmo seu nome real (minha família não preserva sua história). Mas a conhecia como Cuxa, ou melhor Tia Cuxa. Um ser antigo, decano, de cabelos vermelhos e maquiagem carregada. Não sei como foram seus últimos anos, mas ainda na faixa dos noventa, era conhecida pelo seu enorme desejo nifo-maniaco. Tinha umas formas bizarras de conquista, deu em cima de amigos meus. Mentia a idade. Partiu...