FECHÔ O LOJINHA!

Já comecei a entrar as 6 horas da manhã no trampo, e para isso tenho que acordar por volta das 4:45 da manhã. Ou seja, tenho ido dormir muito cedo, portanto meus caros f. amigos (o senão do título deste blog) devo desaparecer do mundo logo logo. Ficar na internet depois das 23, nem pensar, esta hora estou dormindo (ou ao menos tentando fazer a cabeça desligar). Semana que vêm começam as aulas, então, meu desaparecimento será ainda mais reforçado. Para todos aqueles que tem ao menos consideração por mim, peço-lhes paciência e que ainda insistam em mim, mesmo que eu não consiga procurá-los muito.

Bom, mesmo apesar do sono, é complicado dormir tão cedo. Minha cabeça fica um turbilhão, milhares de pensamentos passam por ela, de todas as espécies. Praticamente um transtorno bipolar lutando contra o cansaço e Morfeu.

E lembrar de que volto para a Metodista me deixa bastante deprimido. Aí... Oh Puxa!

Ah sim, também trabalho em fins de semana, os populares FDS p/ quem TC no MSN, VLW?

Neste domingo, trabalhei. Domingo também era o último dia da exposição da Oca. Não podia deixar de ir. Confesso que no momento, não consigo fazer uma avaliação exata de como foi o dia. Sabe, mesmo tendo saído de lá a quase um mês, eu nunca me desliguei daquele lugar, e sempre tive notícias de tudo que acontecia por lá. O último dia foi otémo em alguns aspectos, me diverti, dei risada, senti o alívio de ver terminado um trampo que já nem mais fazia, pude (por talvez a última vez) estar com pessoas das quais gosto muito, mas que sei que por causa dessas coisas da vida que segue nunca mais terei momento igual.

Mas também foi um dia meio triste, e não digo triste pelo aspecto “o espetáculo acabou, fecharam-se as cortinas, cada um pega sua mochila, desce do palco e vai cuidar da sua vida”. Foi triste ver que o encanto era vidro e se quebrou, em muitos casos. Vi pessoas maravilhosas resolverem aceitar, ou melhor, abraçar a mediocridade. Triste, podia viver com a lembrança do tempo em que tais pessoas eram apenas seres maravilhosamente doces, e não mais um desesperado em ser aceito de qualquer forma e por qualquer um. Enfim... tentarei guardar só o que de melhor conheci. Foi triste também ver que a intimidade e paciência tem prazo de validade, e vi amigos perderem o respeito uns com os outros, e acabarem estragando um sentimento, que podia não virar uma amizade eterna, mas ao menos um carinho eterno. Quase briguei, porque conheço os dois lados, e sei que a injustiça as vezes se esconde atrás de olhos de uma pseudo verdade. Eize Bassa!

Bom, vamos as coisas alegres. Sai da Record e fui diretamente para o Ibira. Eu precisava ver a hora que as luzes se apagariam pela última vez. A sensação de Museu fechado, é indescritível, mas as coisas não se mexem como no filme “Uma Noite no Museu”, aliás adoro o Ben Stiller, mas acho que esse filme deve ser tão forçado.

Voltando no tempo, já comentei aqui sobre chefes, amigos, o trampo em si, e até sobre obras. Porém percebo uma injustiça nos meu comentários. Nunca falei da minha obra favorita, infelizmente ela não tem título. Infelizmente também, nunca cheguei a ver seu autor, Carlito Carvalhosa.

Sem Título, 1993

Carlito Carvalhosa

Como sempre, a foto não faz jus a obra vista de perto. Imagine uma tela enorme, com cara de pesada, toda feita de cera e parafina. Pois é, o efeito é maravilhoso, textura idem (claro, nem nós, nem ninguém podiamos tocar as obras, mas e a tentanção?). Esse quadro foi amor a primeira vista, até briguei com visitante por causa dele. Certo dia, um senhor olhou, olhou por muito tempo, dai virou para a esposa e falou: "Ah, é só cera de vela". Porra, a beleza está justamente aí, é só cera de vela, aquela coisa feia e insosa que vai para o lixo quando a luz volta. Somente poucas pessoas teriam sensibilidade para transformar isso em arte, e parece que nem todos tem a mesma sensibilidade para perceber isso.

Infelizmente (também, ôh obra em meio a infelicidades) tal quadro estava no pior lugar da exposição, o canto mais chato de se ficar, quem ficava lá, diziamos estar de castigo, na "sala das preocupações", nome enfadonho originado de obra também infadonha (e feia, na Paralela, o artísta expunha obra de mesma forma, mas de idéia mais interessante). Logo que entrei, eu sempre ficava lá, novato sofre, e eu custei a conquistar meu lugar em outros andares (coisa que teve gente que nunca conseguiu, ao menos respeito é admiração lá dentro acho que não me faltou, eu acho). Na mesma sala cretina, outra obra do artista, também interessante, mas menos que está aí de cima. No outro lado um quadro feio e empoeirado da Leda Catunda (não gosto, fazer o quê?) e em sua frente um "osso de dinossauro" que esqueceram desde os Dinos na Oca.

Sem Título, 1989

Carlito Carvalhosa

O quadro aí de cima é a segunda obra interessante, e fica ainda menos interessante visto em fotografia, ele não é de parafina, mas de cera, feito a base de uma técnica chamada encaustica (não vou explicar aqui, me lembra os dias que ficava de "castigo", me lembra o simpático Michel que foi um de nós - ou melhor, nunca foi - por poucos e insuportáveis dias). Infelizmente, foto não tem textura ou relevo, mas de perto a obra impressiona, mas acho essa mais agressiva, gosto da delicadeza e leveza do primeiro quadro.

A enfadonha e massante "Sala das Preocupações"

Bom, estou aqui pra falar do último dia. Apagaram as luzes, palmas, gritos, risadas, um misto de felicidade com vazio. Acho que todos evitavam, mas enquanto comemoravam pensavam no dia de amanhã. Me deixa triste saber que meus amigos estão sem emprego agora, e tem que voltar a se virar. Pensavam também que tinha acabado, quatro meses vivendo aquilo, dá um vazio pensar no dia depois de amanhã (por que terminou num domingo, e segundo era a folga, então a ficha cairia somente hoje).

Eu tinha ido com a camisa do uniforme, meu antigo crachá. Não resisti mandar as pessoas embora no último dia de exposição. Trabalhei voluntariamente para o MAM. Subi aquela rampa correndo, estou com as canelas doendo até agora, desci correndo também. Uma criança feliz em meio a um parque privativo. Soquei a obra de vaselina que tanto nos deu trabalho. Se sujar as vezes é tão bom. Tiramos foto, todos juntos, pela última vez. Abraços, abraços, e mais abraços. Acabou!

Depois, pra protelar só um mais um pouquinho, novo piquenique, a despedida (palavra feia). Ah caros f. amigos, vamos manter contato prometemos, mentira né? A gente sabe que é difícil. Foi bom, muito bom, mas já foi... Foi um belo verão, e amor de verão não sobe a serra né? Resta a lembrança, as fotos, e a saudade... ... e um catálogo caríssimo que não ganharemos.

Nós que Nós Amavámos Tanto. Não estão todos os meu favoritos, mas boa parte deles. É bastante gay comentários assim, mas nesta foto estão muitas das pessoas mais doces que já conheci.

Vamos manter contato.

Odeio essa frase...