O blog ficou mais do que abandonado, assim como a minha vida social em 2006. Que anozinho horroroso. Nada de muito ruim me aconteceu, é verdade, mas foi um ano em que não vivi. Mais um ano perdido nos meus quase 30 anos de vida.

A faculdade tomou todo o meu tempo, literalmente. Sabe o que é uma semana, de verdade, sem dormir? Eu sei! Se ainda fosse para ver resultados gratificantes, teria valido a pena, mas não foi assim. Meus trabalhos mais feios, e as menores notas da minha vida. Realmente, deu vergonha do resultado de todos eles.

Muito estress, muito gasto, um quase ataque cardíaco e trabalhos lixos. Ai, só de pensar que logo voltam as aulas, me desanima, mesmo estando vivendo num total tédio de não ter o que fazer atualmente. To pensando seriamente em sacrificar qualquer projeto de TCC pra fazer uma monografria onde o único ego a contornar é o meu mesmo.

Bom, como de costume, eu fazia uma retrospectiva do ano, mas sinceramente, to sem saco nenhum pra fazer isso. Até porque, meu ano se resume em me incomodei, me frustrei. Não vivi, não amei. Talvez, e que me conhece sabe e já ouviu isso mil vezes, a melhor coisa do meu ano tenha sido trabalhar na exposição do MAM na OCA (que aliás, vai até dia 28/01, visitem que tá afude demais).

A exposição é bem legal, mas o trampo em si, era um coco. Segurança de luxo é o que eu, e mais um monte de neguinho éramos, com o pseudo nome de Orietadores de Fluxo. Eu diria que nossa função real era: seguranças com cérebro (mas como sei que essas duas palavras não podem, pelas leis divinas, existir numa mesma expressão, então éramos “orientadores de fluxo”).

Esse trampo me deu auto-estima novamente, me ajudou a contribuir, mesmo que simbolicamente, nas contas de casa. Eu sempre tive dinheiro, e sempre ajudei, e me sentia muito inútil de não o estar fazendo. Também me deu auto-estima no sentido de me sentir alguém inteligente, a gente vai acostumando na mediocridade e acaba se conformando com ela. E se tem algo que eu realmente não quero é me conformar com isso. O MAM me fez lembrar dessa meta de vida.

Outra coisa que essa experiência me deu foi de rescussitar meu poder de enrolação, não existe coisa que você não saiba, existe coisas que você simplesmente da a sua percepção de realidade misturada com frases ou palavras padrão (mais ou menos como fazem os repentistas). Tudo isso me fez um bem enorme, em um ano que vi o respeito por mim deixar de existir de forma muito explicita. Porra, não sou metido, mas não sou qualquer um também.

Bom, 2007 começou. E tá chovendo, como sempre. Fui hoje oficializar minha demissão. O trampo lá tava um porre. Ninguém agüenta ver aquelas paredes brancas (como dizia a Julia, aquele branco total), sem visitantes, com chefes novos que não passam de idiotas tentando mostrar serviço. Mas não foi por isso que sai, sai porque começo um novo emprego, sem data para acabar, porque trabalhar em uma exposição é como fazer uma novela, uma hora acaba e você tem que se virar novamente pra conseguir outra coisa.

Deixei minha irmã no aeroporto e passei no Ibirapuera para dizer que estava saindo, e me despedir (esse sim o verdadeiro motivo) das pessoas com quem trabalhava. Todo mundo já cansou de ouvir da minha boca “eu nunca trabalhei em um lugar com tanta gente, e todo mundo ser tão gente boa como lá”. E é verdade. Claro que não sou intímo de todos, e é até feio, mas verdade, dizer que muitos deles nunca mais vou ver na vida. Mas não foram pessoas descartáveis.

Muitos ficarão comigo para sempre, como uma agradável lembrança e companhia idem. Mas é claro, dos 20 vermelhinhos que fomos ao todo (acho que é esse o número), tenho o meu top five de preferidos. Trabalhei no MAM até do dia 21 de dezembro, até as 23 horas. Voltando para casa, no ônibus, soube que tinha passado na seleção do estágio. Chorei.

Eu devia ter ficado super feliz, pois finalmente o fantasma “vou ter que trancar a faculdade para poder trabalhar, e sei la se conseguirei minha bolsa de novo” estava exterminado. Devia ter ficado muito feliz, mas não foi isso que aconteceu. A única coisa que me passava na cabeça era: não volto mais para o Oca? E nem me despedi de ninguém. Tinha acabado de dar tchau para a Lulu e o Billy, que pegaram o mesmo ônibus que eu, e só pensava, “puta merda, nem deles eu me despedi”.

Pois é, hoje foi punk. Ir de pessoa em pessoa dar um último abraço nunca é uma coisa legal. Por várias vezes eu tive que ser muito ator para me segurar e não chorar novamente, e disfarçar o máximo para sair de lá sem fazer cena. Foi difícil viu. A voz tremeu algumas horas e os olhos brilharam com aquela lágrima disfarçada que vai saindo do canto do olho.

Porra, custei pra ir embora, dei tchau para algumas pessoas algumas vezes, aquele tchau com cara de não quero ir embora. É possível que eu não mantenha contato com quase ninguém la dentro, porque assim é a vida, a velha metáfora do trem que já comentei aqui anos antes.

Mas fiz amigos maravilhosos, daqueles que você realmente sente saudades. Posso dizer sem dúvida ou exagero que pessoas como o Billy, a Patyoca, a Bruna e tantos outros, foram as melhores coisas que me aconteceram no ano. Pessoas fascinantes, doces, e muito fácil de amar. E vão me fazer muita falta mesmo.

Mas chega de rasgar seda que esse texto ta ficando muito emo demais, e já to chorando de novo. Tem uma música antiga, do Sinval Silva, que tem um trecho com o qual tenho me identificado muito, que diz assim:

Adeus, adeus
Meu pandeiro de samba
Tamborim de bamba
Já é de madrugada
Vou me embora chorando
Com meu coração sorrindo
E vou deixar todo mundo
Valorizando a batucada
(...)

Momento frase do dia (o blog nunca teve isso, mas vi essa frase hoje num outdoor e achei o máximo): Aqui você come bem e queima calorias (em tempo, era um anúncio de motel, hehehehe)

Fui... (o blog talvez continue enquanto eu ainda conseguir ter vida). TEXTO DIRETO (ENORME) SEM REVISÃO