Sempre quando fico longos períodos sem escrever aqui, volto com textos enormes. Se te der preguiça então pare por aqui. Chega de analfabetos funcionais! E também não vou revisar, como de hábito.
Minhas aulas já começaram, como todo mundo deve saber. Esse semestre parece que vai ser ótimo, mas já dá demonstrações de ser corrido. Quando entrei na metodista eu não gostava de quase ninguém, talvez não gostasse realmente de ninguém, éramos 60. Mas o período a tarde mata qualquer um, já somos 44. O triste é ver, ou melhor, não ver mais os rostos que aprendemos a gostar: Gustavo, Gustavo, Andrezza, Tutti, Lucas... E agora o Fernando. Se eu também não aderir ao grupo de desistentes, trancões e simpatizantes, me formarei talvez com seis ou sete pessoas.
Me inscrevi pra semana acadêmica, com muito medo e vergonha de palestrar diante de todos os alunos que não matam aula durante a semana acadêmica. Meu curta não foi mesmo classificado pro Festival Internacional de Curtas, mas mesmo assim contínuo envolvido com o festival. O mesmo Alfredo, professor que divulgou a oportunidade de fazer o curta, insistiu para eu participar de um concurso de críticas cinematográficas. Ele havia comentado sobre isso antes do semestre anterior acabar, e vi cartazes seus pelo campus falando, mas por um lapso-disléxico, jurava que 10/08 ainda estava muito distante, algo como um mês de distância ainda (?).
Na sexta, dia 07, encontrei-o pelo corredor (não tenho aula com ele este semestre) e ele me intimou a fazer. O filme, Camelos Também Choram. Ninguém queria ir comigo, a não ser a santa da Sandrinha. Fomos no domingo, seção das 19:40, fila enorme, gente comprando ingressos pro chão (para ver um documentário da Mongólia!). Cheguei em casa e escrevi uma crítica cocô, da qual não gostei nem um pouco. Fui classificado.
Já tinha lido o e-mail na terça, quando no meio da aula do Andrade, entra a Nina (nosso anjo particular cuja carteira é assinada como secretária da coordenação do curso) entra na sala me chamando. Minha mãe, no maior estilo mãe judia ligou para a faculdade para dizer que haviam ligado do festival e eu tinha que ligar urgente para o William da organização. Vergonha total, todo mundo querendo saber o que tinha acontecido em meio a uma aula já parada. Liguei, nada que não pudesse esperar até quarta de manhã.
Ah sim, deixa eu contar pra que que servia a critica. O festival Internacional quer pessoas produzindo critica de verdade sobre os curtas, coisa rara na imprensa. O clipping do ano passado é enorme, mas se limita a mera agenda do evento. Escolheram oito faculdades para participar do projeto, sendo três alunos de cada uma delas. E a banca selecionadora da Meto não tinha o Alfredo na comissão, mas sim Manuel Reis, meu intransigente professor de fotografia, o único professor a me dar uma nota tão baixa quanto um 7 no meu curto currículo acadêmico em Rádio TV.
Ontem já fui no primeiro encontro dos selecionados. No Cinesesc, conhecemos a organização, tivemos uma palestra (e teremos um curso) com o Sérgio Rizzo, crítico da Folha de São Paulo, participamos de uma coletiva de imprensa e depois assistimos alguns curtas, os quais temos que fazer uma crítica e mandar urgente para o Rizzo. Outras coisas legais foram um cofee break delicioso, com direito a qualquer coisa do bar do Café do Cinesesc e trocar idéia com o pessoal engajado de outras faculdades, só falei pouco com os alunos da Casper, mais pretensiosos que os alunos da ECA (da ECA, 95 candidatos por vaga pra estudar na USP) e da FAAP juntos. Conheci pessoas da noite e da manhã da Metô, e um cara que seria meu colega se eu tivesse sido convocado quando fiquei na primeira lista de espera da Ufscar. Legal também ver foi o que cada um está produzindo, quase todos estão muitos semestres na minha frente, e saber que os alunos da Faap pegam em câmeras sim, ao contrário do que diz a lenda urbana. E principalmente, ver gente que realmente goste de cinema! O bom desse contato é que nunca sabemos quando vamos nos cruzar numa dessas produções da vida, num mercado tão restrito.
Já na allTV, apesar com cansaço, tá muito bom. Já estão gravando a novela, e não acreditei quando vi no vídeo o que o Sonda e eu (e o Nelson e o Elmo, pra ser justo) fizemos com os cenários. Na precariedade total, 5 cenários com 90 Reais de verba, e tá bastante convincente. O Ateliê de Moda, nosso xodó, ficou maravilhoso na tela! A Novela, Umas e Outras, estréia no dia 14 de setembro, prestigiem minha primeira incursão no meio televisivo, como cenógrafo.
Aliás, da allTV me chega uma notícia triste. O Elmo, secretário geral do museu da TV quem foi o portador da má notícia. No começo deste ano, faleceu Carlos Jacchieri, o primeiro cenógrafo da TV brasileira. Ano passado entrevistei-o, numa tarde maravilhosa, ficamos (Rodrigo e eu) mais de sete horas em sua casa. Homem maravilho, de feitos incríveis, desses intelectuais puros, que a história do país esqueceu. Carlos fez os vitrais da Catedral da Sé, pintou os murais de Aparecida do Norte, fez o Palco do teatro Municipal, fundou o TBC, trabalhou na Vera Cruz, no MASP, nas TVs Tupis Record e Paulista, foi professor de arquitetura de Tomie Otaki, Fundou o que hoje conhecemos como CUT, escreveu mais de 30 livros, foi ativista político em vários períodos da história do país e muito mais. Me recebeu em sua casa, contou-nos toda sua vida, presenteou-nos com seus livros. E me fez me sentir mal, com minha ignorância confortável. Cheguei em sua casa querendo ouvir sobre pequenas fofocas sobre a televisão em seu nascimento, ele me fez ver que isso era a coisa mais insignificante que ele já fez em sua vida. Morreu tal como viveu seus últimos anos, despercebido.
Escreveu-me uma dedicatória em um de seus livros, que reproduzo agora: “Para o jovem companheiro Diego, lembranças do camarada Carlos Jacchieri.” 30 de outubro de 2004.
In memorian de meu caro amigo Carlos Jacchieri (1922-2005).
Minhas aulas já começaram, como todo mundo deve saber. Esse semestre parece que vai ser ótimo, mas já dá demonstrações de ser corrido. Quando entrei na metodista eu não gostava de quase ninguém, talvez não gostasse realmente de ninguém, éramos 60. Mas o período a tarde mata qualquer um, já somos 44. O triste é ver, ou melhor, não ver mais os rostos que aprendemos a gostar: Gustavo, Gustavo, Andrezza, Tutti, Lucas... E agora o Fernando. Se eu também não aderir ao grupo de desistentes, trancões e simpatizantes, me formarei talvez com seis ou sete pessoas.
Me inscrevi pra semana acadêmica, com muito medo e vergonha de palestrar diante de todos os alunos que não matam aula durante a semana acadêmica. Meu curta não foi mesmo classificado pro Festival Internacional de Curtas, mas mesmo assim contínuo envolvido com o festival. O mesmo Alfredo, professor que divulgou a oportunidade de fazer o curta, insistiu para eu participar de um concurso de críticas cinematográficas. Ele havia comentado sobre isso antes do semestre anterior acabar, e vi cartazes seus pelo campus falando, mas por um lapso-disléxico, jurava que 10/08 ainda estava muito distante, algo como um mês de distância ainda (?).
Na sexta, dia 07, encontrei-o pelo corredor (não tenho aula com ele este semestre) e ele me intimou a fazer. O filme, Camelos Também Choram. Ninguém queria ir comigo, a não ser a santa da Sandrinha. Fomos no domingo, seção das 19:40, fila enorme, gente comprando ingressos pro chão (para ver um documentário da Mongólia!). Cheguei em casa e escrevi uma crítica cocô, da qual não gostei nem um pouco. Fui classificado.
Já tinha lido o e-mail na terça, quando no meio da aula do Andrade, entra a Nina (nosso anjo particular cuja carteira é assinada como secretária da coordenação do curso) entra na sala me chamando. Minha mãe, no maior estilo mãe judia ligou para a faculdade para dizer que haviam ligado do festival e eu tinha que ligar urgente para o William da organização. Vergonha total, todo mundo querendo saber o que tinha acontecido em meio a uma aula já parada. Liguei, nada que não pudesse esperar até quarta de manhã.
Ah sim, deixa eu contar pra que que servia a critica. O festival Internacional quer pessoas produzindo critica de verdade sobre os curtas, coisa rara na imprensa. O clipping do ano passado é enorme, mas se limita a mera agenda do evento. Escolheram oito faculdades para participar do projeto, sendo três alunos de cada uma delas. E a banca selecionadora da Meto não tinha o Alfredo na comissão, mas sim Manuel Reis, meu intransigente professor de fotografia, o único professor a me dar uma nota tão baixa quanto um 7 no meu curto currículo acadêmico em Rádio TV.
Ontem já fui no primeiro encontro dos selecionados. No Cinesesc, conhecemos a organização, tivemos uma palestra (e teremos um curso) com o Sérgio Rizzo, crítico da Folha de São Paulo, participamos de uma coletiva de imprensa e depois assistimos alguns curtas, os quais temos que fazer uma crítica e mandar urgente para o Rizzo. Outras coisas legais foram um cofee break delicioso, com direito a qualquer coisa do bar do Café do Cinesesc e trocar idéia com o pessoal engajado de outras faculdades, só falei pouco com os alunos da Casper, mais pretensiosos que os alunos da ECA (da ECA, 95 candidatos por vaga pra estudar na USP) e da FAAP juntos. Conheci pessoas da noite e da manhã da Metô, e um cara que seria meu colega se eu tivesse sido convocado quando fiquei na primeira lista de espera da Ufscar. Legal também ver foi o que cada um está produzindo, quase todos estão muitos semestres na minha frente, e saber que os alunos da Faap pegam em câmeras sim, ao contrário do que diz a lenda urbana. E principalmente, ver gente que realmente goste de cinema! O bom desse contato é que nunca sabemos quando vamos nos cruzar numa dessas produções da vida, num mercado tão restrito.
Já na allTV, apesar com cansaço, tá muito bom. Já estão gravando a novela, e não acreditei quando vi no vídeo o que o Sonda e eu (e o Nelson e o Elmo, pra ser justo) fizemos com os cenários. Na precariedade total, 5 cenários com 90 Reais de verba, e tá bastante convincente. O Ateliê de Moda, nosso xodó, ficou maravilhoso na tela! A Novela, Umas e Outras, estréia no dia 14 de setembro, prestigiem minha primeira incursão no meio televisivo, como cenógrafo.
Aliás, da allTV me chega uma notícia triste. O Elmo, secretário geral do museu da TV quem foi o portador da má notícia. No começo deste ano, faleceu Carlos Jacchieri, o primeiro cenógrafo da TV brasileira. Ano passado entrevistei-o, numa tarde maravilhosa, ficamos (Rodrigo e eu) mais de sete horas em sua casa. Homem maravilho, de feitos incríveis, desses intelectuais puros, que a história do país esqueceu. Carlos fez os vitrais da Catedral da Sé, pintou os murais de Aparecida do Norte, fez o Palco do teatro Municipal, fundou o TBC, trabalhou na Vera Cruz, no MASP, nas TVs Tupis Record e Paulista, foi professor de arquitetura de Tomie Otaki, Fundou o que hoje conhecemos como CUT, escreveu mais de 30 livros, foi ativista político em vários períodos da história do país e muito mais. Me recebeu em sua casa, contou-nos toda sua vida, presenteou-nos com seus livros. E me fez me sentir mal, com minha ignorância confortável. Cheguei em sua casa querendo ouvir sobre pequenas fofocas sobre a televisão em seu nascimento, ele me fez ver que isso era a coisa mais insignificante que ele já fez em sua vida. Morreu tal como viveu seus últimos anos, despercebido.
Escreveu-me uma dedicatória em um de seus livros, que reproduzo agora: “Para o jovem companheiro Diego, lembranças do camarada Carlos Jacchieri.” 30 de outubro de 2004.
In memorian de meu caro amigo Carlos Jacchieri (1922-2005).
posted by Diego Nunes at 2:08 PM
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