A INTERNET VAI ME DEIxAR ANALFABETO
Tenho sentido falta de escrever, mas falta também inspiração para tanto. Eugene Russell me cutuca pedindo pra nascer, assim como João Roberto. Mas preciso coragem para encará-los.
Não sei exatamente o que escrever, só sei que preciso fazer isso.
To com saudades daquele período que nunca existiu, onde minha mente era fértil. Estou me sentindo como aqueles intelectuais do período da ditadura, que diziam que os militares o impediam de criar e que, quando "libertos", não criaram mais nada. Só que é claro, de intelectual não tenho nem o "in".
De férias, na mesma história de sempre, engordando como nunca antes, e vendo novamente a TV Aberta. Quanto coisa ruim, MtaVacalhada demais. Só adolescente besta que assiste malhação e The OC deve conseguir assistir esse canal. Mas uma coisa me chamou a atenção, o que é o clipe do B5. A música é uma merda, como tudo que o B5 já fez. O visual dos caras mudou do punk da Daslu para EMOrrível. Mas aquele lance de atrações freaks circenses é muito bom. Direção de arte perfeita, num clipe super simples no quesito efeitos computadorizados, mas de grande qualidade. Lembra a estética grotesca de alguns diretores europeus, e um que de Tod Browning. Realmente supimpa. Confesso que nem lembro da música, porque fiquei admirado com o clipe (ainda sendo da banda que é).
Assisti outro dia um filme bobinho, quase desconhecido, que reprisa milhares de vezes no Universal Channel. "Correndo Atrás do Diploma", nome infeliz para o original e sensível Orange Conty. Um filme do Jake Kasdam (grande pai tem esse moço) com uma história bem simplinha, seção da tarde mesmo, algo que eu queria saber escrever.
Fim de ano chegando, e é sempre a mesma história. Especiais de fim de ano ridículos, a missa do galo, hipocrisia em família, tédio geral. Porque a Globo ainda filma o Especial do Roberto Carlos? Deviam simplesmente reprisar o especial do ano passado, do anterior, de 1998. É tudo sempre igual, ele até usa a mesma roupa. E pensar que o RC já fez coisas boas no passado, como Só vou gostar de quem gostar de mim.
E as retrospectivas? Sempre digo que não se faz retrospectiva antes do ano acabar, porque em 31 de dezembro sempre pode acontecer algo importante. Lembra do Tisunami?
Pois é, nesses últimos dias do chocho 2005, morreu a injustiçada Aurora Miranda. Sim, ela era a irmã de Carmen, mas era muito mais. Aurora foi uma das cantoras de samba e choro mais importantes da cultura nacional, talvez até mais importante (não tão famosa, mas mais importante) que sua irmã hollywoodiana. Foi a primeira pessoa a gravar Cidade Maravilhosa (...cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil...). Conquistou Hollywood também, onde em seu obituário foi lembrada apenas por contracenar com o pato Donald. Mas ninguém falou que Aurora era amiga íntima de Walt Disney, e poucos lembram que ela fez mais do que contracenar com desenhos (e ao contrário do que se falou, dela ter sido a primeira atriz a contracenar com desenhos animados, os irmãos Fleischer já faziam isso desde os anos 10, assim como Windsor MacKay e outros – e no mesmo ano que Aurora, não sei se antes ou depois, Esther Willians contracenou com a dupla Tom & Jerry em Escolas de Sereias), Aurora atuou no cinema nacional, nos primeiros cantantes, sim ao lado da irmã, mas em Hollywood fez filmes de terror (ao Lado da maravilhosamente bela Ella Raines) e a quase chanchada Brazil.
Sua última aparição no cinema foi no sensível e brazuca Dias Melhores Virão (1989), numa bonita homenagem de Cacá Diegues. Aurora a muito não lembrava mais de nada, devido a doença que lhe afligia. Com certeza o Brasil ficou lhe devendo o seu devido valor. Existem tantos parentes de famosos que tentam a fama e assim podem ser lembrado, mas é preciso saber distinguir o talento quando ele atinge dois membros de uma mesma família.
E nosso país fica ainda menos carnavalesco, perdendo aquele charme dos carnavais ingênuos que não eram feitos para gringos verem (e nem patrocinar a prostituição e depreciação do nome do país).
Não sei exatamente o que escrever, só sei que preciso fazer isso.
To com saudades daquele período que nunca existiu, onde minha mente era fértil. Estou me sentindo como aqueles intelectuais do período da ditadura, que diziam que os militares o impediam de criar e que, quando "libertos", não criaram mais nada. Só que é claro, de intelectual não tenho nem o "in".
De férias, na mesma história de sempre, engordando como nunca antes, e vendo novamente a TV Aberta. Quanto coisa ruim, MtaVacalhada demais. Só adolescente besta que assiste malhação e The OC deve conseguir assistir esse canal. Mas uma coisa me chamou a atenção, o que é o clipe do B5. A música é uma merda, como tudo que o B5 já fez. O visual dos caras mudou do punk da Daslu para EMOrrível. Mas aquele lance de atrações freaks circenses é muito bom. Direção de arte perfeita, num clipe super simples no quesito efeitos computadorizados, mas de grande qualidade. Lembra a estética grotesca de alguns diretores europeus, e um que de Tod Browning. Realmente supimpa. Confesso que nem lembro da música, porque fiquei admirado com o clipe (ainda sendo da banda que é).
Assisti outro dia um filme bobinho, quase desconhecido, que reprisa milhares de vezes no Universal Channel. "Correndo Atrás do Diploma", nome infeliz para o original e sensível Orange Conty. Um filme do Jake Kasdam (grande pai tem esse moço) com uma história bem simplinha, seção da tarde mesmo, algo que eu queria saber escrever.
Fim de ano chegando, e é sempre a mesma história. Especiais de fim de ano ridículos, a missa do galo, hipocrisia em família, tédio geral. Porque a Globo ainda filma o Especial do Roberto Carlos? Deviam simplesmente reprisar o especial do ano passado, do anterior, de 1998. É tudo sempre igual, ele até usa a mesma roupa. E pensar que o RC já fez coisas boas no passado, como Só vou gostar de quem gostar de mim.
E as retrospectivas? Sempre digo que não se faz retrospectiva antes do ano acabar, porque em 31 de dezembro sempre pode acontecer algo importante. Lembra do Tisunami?
Pois é, nesses últimos dias do chocho 2005, morreu a injustiçada Aurora Miranda. Sim, ela era a irmã de Carmen, mas era muito mais. Aurora foi uma das cantoras de samba e choro mais importantes da cultura nacional, talvez até mais importante (não tão famosa, mas mais importante) que sua irmã hollywoodiana. Foi a primeira pessoa a gravar Cidade Maravilhosa (...cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil...). Conquistou Hollywood também, onde em seu obituário foi lembrada apenas por contracenar com o pato Donald. Mas ninguém falou que Aurora era amiga íntima de Walt Disney, e poucos lembram que ela fez mais do que contracenar com desenhos (e ao contrário do que se falou, dela ter sido a primeira atriz a contracenar com desenhos animados, os irmãos Fleischer já faziam isso desde os anos 10, assim como Windsor MacKay e outros – e no mesmo ano que Aurora, não sei se antes ou depois, Esther Willians contracenou com a dupla Tom & Jerry em Escolas de Sereias), Aurora atuou no cinema nacional, nos primeiros cantantes, sim ao lado da irmã, mas em Hollywood fez filmes de terror (ao Lado da maravilhosamente bela Ella Raines) e a quase chanchada Brazil.
Sua última aparição no cinema foi no sensível e brazuca Dias Melhores Virão (1989), numa bonita homenagem de Cacá Diegues. Aurora a muito não lembrava mais de nada, devido a doença que lhe afligia. Com certeza o Brasil ficou lhe devendo o seu devido valor. Existem tantos parentes de famosos que tentam a fama e assim podem ser lembrado, mas é preciso saber distinguir o talento quando ele atinge dois membros de uma mesma família.
E nosso país fica ainda menos carnavalesco, perdendo aquele charme dos carnavais ingênuos que não eram feitos para gringos verem (e nem patrocinar a prostituição e depreciação do nome do país).
Pra não dizer que não falei das mesmas flores...
(1915-2005)
Saudades de (não) viver nos tempos dos fanzocas da rádio...
posted by Diego Nunes at 5:42 PM
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