Eu to cansado de manter o sorriso no rosto ao ser ignorado, de procurar quem não quer ser achado. Cansado de ver meus planos sendo anulados diante da vontade desmotivada de alguns.
De esperar o dia inteiro para ouvir o silêncio. De frases do tipo, não fica bravo comigo. Por que não? Será que nem isso mais eu posso?
Cansei de ser sempre o agitador, o cara que abre mão em nome do grupo. Que grupo? Quem abre mão de algo por mim? Posso citar os poucos nomes, e não preciso nem mesmo de todos os dedos de uma mão. Ninguém é obrigado a gostar do que eu gosto, aliás duvido que exista alguém que goste de tudo que gosto, mas também não quero mais ouvir um sim, em tom de talvez, disfarçando o não.
O tempo passa e nossas vidas se resumem a um sofá, sozinhos na rotina idiota. O tempo passa e os amigos passam e talvez fiquem por lá, junto aos seus novos amigos. Não me prometam coisas que não vão fazer. Se não prometerem me ligar, não deixarei o telefone livre inutilmente. E assim vamos envelhecendo e nos tornando os nossos pais acomodados. Ontem já tem quase quatro anos, e amanhã é daqui cinco minutos. Dez anos passarão mais rápido que nossas juventudes um tanto quanto desgastadas.
Não vou mais procurar, não estranhem se eu não convidar mais para fazer alguma coisa. Muitas vezes quando chamei nem queria realmente fazer nada. A verdade é que eu, sentimentalóide idiota, só queria a companhia de vocês por perto. Mas parece que sou só eu que penso assim. Não defendo mais ninguém, porque cansei de ter meu argumentos derrubados. Não quero mais fazer papel de palhaço respondendo por quem não se importa.
Não estou bravo com vocês, mas comigo. Porque sou uma besta que confia demais. Que espera demais dos outros, achando que todos são como eu. Eu também gosto de ficar em casa jogado, curtindo o ócio no pouco tempo livre que tenho. Eu também não tenho dinheiro para gastar, mas me importava com vocês. Ingênuo, acreditava que a companhia de amigos era o melhor remédio contra meus fantasmas. Mas aos poucos vejo que isto está virando um novo fantasma. Talvez o erro seja meu, ao tentar projetar em vocês esperanças demais criadas em uma cabeça doente.
Quem não se importa não se decepciona, e eu ainda me decepciono. Queria não me importar mais. Eu também chamo de última hora, mas é sempre no segundo seguinte que fiquei sabendo. A grande merda é que dediquei tempo demais, e restringi minha vida a isso, esqueci pessoas que também valiam a pena. Tenho amigos que simplesmente nem vejo mais, porque achei que vocês me bastavam.
Não se surpreendam se eu começar a ter novas turmas, ou se resolver retornar a minha vida de recluso trancado num mundo gigantesco, preso entre as paredes (nem tão pequenas) do meu quarto.
Não serei mais o cara das justificativas diante da expressão fulano (a) está de distanciando. Desta vez eu estarei me distanciando. Não me falem de saudade. Este sentimento é muito grande para ser superado pela preguiça.
Machucar é muito mais fácil do que pedir desculpas.
